quarta-feira, 14 de outubro de 2009

fotos pós-chernobyl

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Martin Amis fala, em entrevista ao Michel:

“Não procuro por histórias tanto quanto por níveis de percepção. O que quero saber é a maneira como os escritores interpretam o mundo, em que nível isso se dá, mais do que a respeito de sagas familiares ou narrativas tradicionais. Não tem a ver com contar histórias ou não, e sim com como se escreve.”

“O grande pós-modernismo europeu está acabado como ficção. Era um grande insight de como o mundo funcionava; não era, no fim das contas, um filão ficcional muito produtivo, rico por si só. Era muito auto-consciente, muito limitado, e agora o romance parece ter evoluído para uma invenção mais ampla. Não há, agora, uma grande tradição dominando o romance. Contar histórias voltou a ser importante. Enredos voltaram a sê-lo."

"Na minha geração, há uma maior liberdade em relação a essas regras, com o realismo mágico e o pós-modernismo. A realidade apresentada ao leitor não é tão confiável. Mas agora há um movimento contrário. A próxima geração, suspeito, vai precisar de velocidade e enredo. Interesse humano, não abstrações (…). Nos anos 80, talvez, a presença do pós-modernismo deixasse as coisas mais ‘fechadas’. Um romance como Money, por exemplo, enfureceria o meu pai [o escritor Kingsley Amis]. Aliás, enfureceu… Agora, apesar da liberdade de abordagem, há a volta das ‘leis da realidade’ ao romance. É a minha impressão.”
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