quinta-feira, 10 de agosto de 2017

dois poemas dos anos 60

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Mi país no es Grecia,
Y yo (23) no sé si deba admirar
Un pasado glorioso
Que tampoco es pasado
Mi país es pequeño y no se extiende
Más allá del andar de un cartero en cuatro días,
Y a buen tren.

Quiza sea que ahora yo aborrezca
Lo que oteo en las tardes: mi país
Que es la plaza de toros, los museos,
Jardineros sumisos y las viejas:
Sibilinas amantes de los pobres,
Muy proclives a hablar de cardenales
(Solteros eternos que hay en Roma),
Y jaurías doradas de marocas.

Mi país es letreros de cine: gladiadores,
Las farmacias de turno y tonsurados,
Un vestirse los Sábados de fiesta
Y familias decentes, con un hijo naval.

Abatido entre Lima y La Herradura
(El rincón Hawai a diez kilómetros
De la eterna ciudad de los burdeles),
Un crepúsculo de rouge cobra banderas,
Baptisterios barrocos y carcochas.
Como al paso senil del bienamado, ahora llueve
Una fronda de estiércol y confeti:
Solitarios son los actos del poeta
Como aquellos del amor y de la muerte.

Luis Hernández, "El Bosque de los Huesos", Las Constelaciones, 1965

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Tomar uma Coca-Cola com você
é até mais legal que ir a San Sebastian, Irun,
[Hendaia, Biarritz, Bayonee
ou que sentir dor de barriga na Travessera de
[Gràcia em Barcelona
em parte porque com essa camisa laranja você parece
[um São Sebastião melhorado e mais feliz
em parte por causa do meu amor por você, em parte
[por causa do teu amor por iogurte
em parte por causa das tulipas laranja fosforescentes
[ao redor das bétulas
em parte por causa do ar misterioso dos nossos
[sorrisos diante de pessoas e estátuas
é difícil acreditar quando estou com você que
[possa haver algo tão inerte
tão solene tão desagradavelmente definitivo como
[estátuas quando bem na frente delas
na luz forte de Nova York às 4 da tarde vagamos
[de um lado para o outro
entre nós mesmos como uma árvore que
[respira pelos óculos

e a exposição de retratos parece não ter um
[rosto sequer, só tinta
de repente você se pergunta por que raios alguém
[se deu ao trabalho de pintar aquilo
eu olho
pra você e eu gosto mais de olhar pra você do
[que pra todos os retratos do mundo
com exceção talvez, às vezes, do Cavaleiro Polonês 
[que, aliás, está no Frick
aonde graças a Deus você ainda não foi e então
[podemos ir juntos pela primeira vez
e isso de você ter movimentos tão bonitos
[meio que dá conta do futurismo
assim como em casa eu jamais penso no Nu
[Descendo uma Escada ou
em um ensaio um desenho específico de Leonardo ou
[Michelangelo que costumava me deslumbrar
e de que valeu aos impressionistas toda
[aquela pesquisa
se eles nunca tinham a pessoa certa ao lado da
[árvore enquanto o sol descia
ou então Marino Marini ao não escolher o
[cavaleiro tão bem quanto o cavalo
parece que todos perderam alguma experiência
[maravilhosa
que eu não vou dar por perdida e é por isso
[que estou te contando

Frank O'Hara, "Tomar uma Coca-Cola com você", Lunch Poems, 1964 (tradução de Beatriz Bastos em Meu coração está no bolso, Luna Parque)
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