quarta-feira, 19 de março de 2008

quer ver? escuta

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Esta semana foi lançado o Estranhos sinais de Saturno, terceiro volume das obras completas do Roberto Piva. O Piva é dono de uma poesia extremamente visual; é o poeta das imagens convulsivas, das aventuras, alucinações e dos sapatos de abóbora. Acho importante essa coisa da visualidade. Não só na poesia, na prosa também. O Conrad dizia que sua tarefa era fazer os leitores ouvirem, sentirem, mas principalmente verem. Quem escreve narrativas, ensinava Stevenson, tem que fazer chegar ao leitor imagens vivas: Crusoé retrocedendo diante de uma pegada, Aquiles gritando contra os troianos, Ulisses dobrando o arco. "Podemos esquecer de outras coisas: esqueceremos as palavras, por belas que sejam; esqueceremos o comentário do autor, ainda que tenha sido engenhoso e exato, mas essas cenas memoráveis, nada poderá borrá-las ou apagá-las", escreve o heróico Stevenson (que foi de Edimburgo a Londres, de Londres ao sul da França, da França a Califórnia, da Califórnia a uma ilha do Pacífico, com a tuberculose no seu encalço). "É esta, pois, a função plástica da literatura: dar corpo a um personagem, pensamento ou emoção em algum ato ou atitude que impressione de maneira notável o olho da mente."
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