sábado, 11 de julho de 2009

enquetes pilosas

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Em 1963, aos 77 anos, Manuel Bandeira cortou-se fazendo a barba. Para disfarçar a ferida sob o nariz, decidiu deixar crescer o bigode. Acabou se afeiçoando ao amigo piloso e resolveu promover um plebiscito para ver se devia ou não "renunciar ao acréscimo fisionômico".

A polêmica dividiu a intelectualidade da época. "Não conheço o bigode de Bandeira, mas sou contra", rebelou-se o acadêmico Viriato Correia. "Bandeira não deve prejudicar com um feio bigode o seu aspecto sempre jovial. Além do mais, bigode é mais uma complicação para a vida do indivíduo", opinou o acadêmico Ivan Lins. "Admiro os dois estilos de Bandeira", ponderou Josué Montello. Para a poeta Eduarda Duvivier, o bigode caiu bem ao escritor. "Além disso bigode impõe respeito", disse. Pedro Bloch defendeu a liberdade de escolha do poeta: "Manuel Bandeira é dono do próprio nariz e adjacências". No ano passado, antes da Flip, a Folha perguntou ao Xico Sá, ao Michel Laub, a Adriana Lunardi, Contardo Calligaris, Vanessa Barbara e para mim o que era a literatura para cada um. Aqui, os depoimentos.
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