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No ano passado, estive em White Island, uma ilha-vulcão na Nova Zelândia. Escrevi sobre ela, aqui. As fotos são do Renato Parada.
No ano passado, estive em White Island, uma ilha-vulcão na Nova Zelândia. Escrevi sobre ela, aqui. As fotos são do Renato Parada.
É o vulcão mais ativo da Nova Zelândia. Fica a cinquenta
quilômetros da baía de Whakatane, na porção norte do país – uma cidade
tranquila de não mais do que vinte mil habitantes, sendo quase metade
de população maori. O capitão do barco que nos levou até lá, um velho lobo do mar chamado David Plews, faz esse trajeto desde seus oito anos. Ele falou que a ilha muda
sempre. De quando era criança para cá, está muito
diferente.
White Island, calcula-se, vem mudando há 200 mil anos, sua idade aproximada. O primeiro não-nativo a avistá-la foi um daqueles entediados exploradores ingleses (talvez o mais famoso deles), o destemido James Cook, em 1769 – que, vale dizer, não chegou a descer e investigar o local, o que só aconteceu em 1826. Na ocasião, Cook escreveu no diário de bordo de seu navio, o Endeavour: “nós a chamamos de ilha branca porque foi assim que ela apareceu para nós” (em meio à névoa). Em maori, a ilha-vulcão é conhecida como Whakaari, “aquilo que se pode fazer visível”.
O barco fica estacionado à meia distância, e num pequeno bote alcançamos a breve praia de pedras vermelhas que
dá acesso ao interior do vulcão. Vapores sobem das rochas e das
três grandes crateras, a maior delas com 1,5 quilômetro de diâmetro. Pequenos lagos, córregos de
água, paredões – tudo ferve e borbulha, a temperaturas que podem
chegar a 600 graus.
Mais adiante, há as ruínas de uma antiga mina de extração de enxofre (o cheiro de enxofre é relevante). Em alguns pontos, o enxofre se cristaliza e ganha uma coloração amarela, luminosa.
A
exploração do elemento, usado na fabricação de fertilizantes,
pesticidas e pólvora, começou em 1885. Em setembro de 1914, um
desmoronamento destruiu a fábrica e matou os dez homens que
trabalhavam por lá – o único sobrevivente foi um gato chamado Peter,
The Great.
Depois do desastre, a ilha foi abandonada por nove anos até que a produção de enxofre foi retomada em 1923. Com a Grande Depressão, a fábrica foi à falência em 1933. Em 1936, a ilha foi comprada pelo dono atual, um daqueles entediados homens de finanças saxões, George Raymond Buttle (sim, é uma ilha privada), que achou interessante a ideia de “ter seu próprio vulcão”. O governo tentou comprá-la, mas Buttle não vendeu.
Em 1953, White Island se tornou uma reserva. De lá para cá pode ser visitada por gente que não enjoa em viagens de barco e disposta a meditar sobre o início e o final dos tempos + superfícies borbulhantes. Câmeras registram a atividade do vulcão vinte e quatro horas por dia.
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